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domingo, 9 de junho de 2013

Mesa Amplificada Behringer Europower PMH-1000

As mesas PMH são mesas amplificadas, ou seja, mesas de som com um amplificador incorporado ao próprio corpo. Diferem-se dos cabeçotes (http://www.somaovivo.mus.br/testes.php?id=23) pelo formato horizontal, próprio mesmo de mesas de som, bem fácil de operar, enquanto os cabeçotes são feitos para trabalhar na vertical (o que, em certas situações, exigirá “malabarismos” por parte do operador). Além da Behringer, vários outros fabricantes fazem equipamentos assim.

Este equipamento, além dos canais de mixagem e do amplificador, ainda tem efeito e equalizador de 7 faixas. Para quem precisa sonorizar uma pequena igreja ou pequeno evento, há praticamente tudo o que é necessário em um único equipamento, com a vantagem de não haver cabos para montagem e ser bem mais compacto.
Vamos dividir nosso estudo sobre a mesa em duas partes. Chamaremos a primeira de “seção mesa de som” e a segunda de “seção amplificador”.

Seção Mesa de som
Temos inicialmente 4 canais mono, com prés de microfones chamados de IMP (Invisible Mic Pre), dado a característica de não apresentar nenhuma “coloração” (mudança) na qualidade do som em relação ao original, o que realmente funciona muito bem. São os mesmos prés usados nas outras mesas da empresa, séries UB e SL. Não chegam a ser tão bons quanto os prés da Mackie e Soundcraft, que “esquentam” o som, mas nada a reclamar da sonoridade. Aliás, trabalhando com alguns mics sem fio Shure SM-58 e TSI MS-625 e boas caixas, simplesmente não precisamos usar qualquer equalização para deixar a voz como a da própria pessoa mesmo.

Em cada um desses canais mono, encontramos:
- entrada XLR para microfones
- entrada P10 para linha (instrumentos, etc)
- Insert (para permitir processamento externo nos canais, como módulos de efeitos, equalizadores, compressores, etc).
- um controle de ganho (até +60dB);
- luz de sinal / 0 dB. Um recurso indispensável. Essa luz acende quando o nível de sinal de entrada chega até zero dB. É bem útil, tanto para sabermos se está realmente chegando sinal no canal, como também ajuda a regular o ganho do canal e a mixagem geral. Por exemplo, se há vários cantores e a luz de sinal do canal de um cantor acende muito mais que a dos outros, é porque ele está sobressaindo, e seu ganho deverá ser reduzido, de forma que acenda a mesma quantidade que as luzes dos outros canais de cantores.
-  filtro de low-cut (corte de graves), cuja freqüência de corte não está especificada nem na mesa nem no manual (apesar de ser possível prever que o corte é entre 75Hz a 100Hz, é falha da empresa não especificar isso);
- 3 vias de equalização: agudos (centrado em 12kHz), médios (centrado em 2,5kHz) e graves (centrado em 80Hz). A equalização é boa e eficaz. Se mexermos nos potenciômetros, notamos logo a diferença. Sentimos falta do ajuste de varredura de freqüência de médios, mas em um equipamento deste porte - apenas 8 canais - realmente não precisa.
- há um auxiliar pré, que nesta mesa é chamado diretamente pela sua função, “Mon” (de monitor).
- há um auxiliar pós, chamado também pela sua função, “Fx” (indicação de efeitos, em inglês). É possível usar um processador externo, já que existe uma saída FX Send.
- controle de PAN
- botão de Mute, incluindo luz indicativa de acionamento (recurso muito bem vindo)
- luz de pico, indicando o clipamento do sinal (e o ganho deverá ser reduzido)
- fader do canal, de deslizamento bem suave. Não tivemos uma régua a disposição, mas deu a impressão de ter 70mm ou 80mm de comprimento. Tamanho mais que suficiente para uma operação tranquila.
Passados esses 4 canais mono iniciais, temos dois canais estéreos, 5/6 e 7/8. Esses canais também tem entrada para microfones, e os recursos aparentemente são os mesmos. Mas há grandes diferenças:
- em vez do Insert, há duas entradas P10 de linha, L e R, em estéreo. Não há nenhuma que funcione como mono. O manual cita isso:
“Em caso de ligação de um sinal Line mono a um canal estéreo deve utilizar sempre a entrada
esquerda. Deste modo, o sinal mono é representado de ambos os lados. Isto não se aplica aos canais combinados mono/estéreo 5/6 e 7/8 do PMH1000.”
- os ganhos são de até +40dB, bem diferentes do ganho dos outros canais anteriores. É necessário “abrir mais” esses ganhos, para que o volume fique compatível com o dos outros canais. Apesar disso, não notamos problemas com a qualidade e sonoridade em relação aos canais anteriores.
- não há filtro low-cut.
Temos mais 2 canais, estéreos, 9/10 e 11/12. Ambos tem entradas P10 estéreos, mas agora o L vem marcado como mono.
Aqui, surge crítica séria ao fabricante. Que falta de padronização! Há entradas de microfones de 2 tipos (umas com ganho de um jeito, outras com ganho de outro jeito), e há entradas estéreo com padrões também diferentes (umas com L sendo mono, outras sem indicação de mono). Isso gera dúvidas e erros de operação.
Querem ver um exemplo? Uma guitarra ligada ao canal L do canal 9/10 terá seu som encaminhado para as saídas L e R, já que a entrada L funciona também como mono, caso não haja nada conectado na entrada R do canal. Mas se fizermos a mesma coisa na entrada L do canal 5/6, o som só vai para a saída L. Isso com certeza deixará um operador com pouca experiência perdido!

Finalmente, há ainda entradas P10 estéreo chamadas de 13/14 e 15/16. Só que não há faders, não há controles, nada que indique o que estes canais são, nem para que serve. Somente olhando o manual pudemos constatar:
“Os canais 13/14, bem como 15/16 estão conectados directamente no Main Mix sem outras regulações de som e volume. Através dos canais 13/14 e 15/16 existe a possibilidade de conectar, p.ex. um submixer para poder utilizar o nível final do PMH1000.”
Traduzindo, são entradas de linha, que são enviadas diretamente para as saídas Masters, sem nenhum tipo de recurso disponível. Podem ser utilizadas para ligação de outra mesa (e aí controla-se o volume pelo master da outra mesa) ou mesmo como retorno de sinal de algum módulo de processamento externo. Aliás, seria um bom nome para as entradas 15/16 - FX Return. Existe a saída FX Send (para uso de um módulo externo), mas não existe entradas FX Return. É uma “mancada” séria da Behringer.
A falta de PFL em todos os canais também poderia ser considerado como mais um erro, mas considerando o fato de ser uma mesa de apenas 8 canais (reais, cada canal estéreo contado como um), realmente não faz muita falta.
Terminados os canais e indo para a seção de Masters, temos vários recursos disponíveis. 
a) Um equalizador de 7 faixas. Apesar de simples, é bem vindo. Há chave para EQ IN (permite “ligar/desligar” o equalizador), há chave para direcionar o equalizador para as saídas Main (principais) ou para o Monitor. Muitas mesas amplificadas e cabeçotes chegam a contar com dois equalizadores, um para PA e outro para Monitor, mas para uma mesa desse tamanho, a solução está de bom tamanho.

Esse equalizador inclui um recurso bem explorado pela Behringer em seus equipamentos, que também já vimos em aparelhos da Alto e da Roxy: o Feedback Detection System. Quando acionado, é como se existisse uma luz de sinal em cada controle do equalizador, mostrando quais as faixas de frequências estão sobressaindo. Acontecendo uma microfonia, o led correspondente vai acender mais que os outros, facilitando a identificação da frequência e permitindo o ajuste do equalizador. A idéia é boa, mas de difícil implementação: exige uma estrutura de ganhos do sistema perfeita, caso contrário as luzes acendem tão pouco que são praticamente inúteis.

b) Um módulo de efeitos, baseado no Virtualizer, com 99 presets, o mesmo utilizado em várias mesas UB e SL que possuem efeitos. O Virtualizer é um módulo de efeitos profissional da Behringer, e apesar de não ser considerado grandes coisas, pelo menos tem toda uma gama de parametrizações, de forma que possamos alterar um efeito até deixar ao nosso gosto. O grande problema desse módulo simplificado das mesas de som é que, sem parametrização alguma, sobra muito pouca coisa útil. Para voz, o 15 (Ambience) é razoável, e há um ou outro efeito interessante para instrumentos. Há inclusive um conector chamado Foot Switch, de forma que os músicos possam acionar/desacionar o efeito pelo pé, conforme a necessidade.

No Virtualizer (e provavelmente neste equipamento também) há algumas coisas bem úteis,  como compressor, expansor, gate, tom de teste, etc. Mas não vem indicado no manual do equipamento quais são os números desses “efeitos”, tendo que consultar o manual do próprio Virtualizer ou no manual da mesa SL, que usa o mesmo sistema e apresenta uma listagem mais completa dos recursos.
Além do painel com o número do efeito correspondente e leds de sinal (para sabermos quanto de sinal está sendo aplicado), há a chave de seleção do efeito, à direita do painel. Rotacionando-a, navegamos pelos números (efeitos diferentes). Ao pressionar o mesmo botão, selecionamos o efeito escolhido.
Mais abaixo, podemos observar dois controles chamados FX to Mon (envia o sinal processado pelo efeito para a saída de monitor) e FX to Main, que envia o sinal do efeito para as saídas principais.

Aliás, um perigo sério aqui. Segundo o manual, os módulos internos e externos estão em paralelo. Isso quer dizer que todo sinal enviado ao módulo interno também será enviado ao módulo externo. Pode ser uma boa idéia. Permite usar o módulo interno para o monitor (através do controle FX to Mon) e ao mesmo tempo ter outro efeito para o PA (através do FX Send, com retorno pelas entradas 13/14 ou 15/16). Mas essa é uma forma rara de trabalhar. Na prática, acreditamos que implementação vai confundir muito. Se o controle FX to Main não estiver no mínimo, teremos o sinal processado duas vezes, em uma mistura que provavelmente não ficará legal. Tudo bem que o controle está logo acima, mas ainda assim, vai dar confusão...
c) Os Auxiliares Pré (Monitor) e Aux Pós (Efeito, FX) contam com um fader cada um, inclusive com função Mute, que controlam a quantidade geral de som que é encaminhado para o retorno ou para o efeito. Em um equipamento deste porte, totalmente desnecessário.  No máximo, dois potenciômetros rotativos simples. Dava para ganhar um bom espaço no equipamento.
d) Do lado esquerdo do efeito, há um controle “XPQ”, com o chamativo texto “Surround”, novidade para nós. Segundo o manual,
“O regulador Surround serve para determinar a intensidade do efeito. Trata-se aqui de um efeito
incorporado que permite uma expansão da base estereofônica. Desta forma, a tonalidade torna-se bastante mais viva e transparente.”
Nunca o ouvi (não deu para arriscar no meio do batismo), mas se é assim tão bom, porque não foi incorporado ao Virtualizer e aos outros equipamentos da Behringer?
Há uma chave para acionar ou não o recurso (somente para as saídas Main), e um botão rotativo para se dimensionar a quantidade do efeito.
e) Um fader com o controle de volume das entradas de CD/Tape (as entradas RCA disponíveis, inclusive com Mute. Há um botão chamado StandBy, que muta todos os canais e deixa apenas o CD  funcionando. Isso é interessante para aqueles momentos em que a banda pára para descansar. Para não ficar sem som e não ter que abaixar todos os canais (e assim não perder a mixagem), basta então acionar esse controle. Para evitar problemas de acionamento indevido (o que pode trazer muita, muita dor-de-cabeça), o botão é protegido pelos lados.
Há nessa seção um controle chamado Voice Canceller. Recorrendo ao manual mais uma vez, temos:
“Ao activar o VOICE CANCELLER são eliminadas do sinal CD/TAPE INPUT as frequências
específicas do canto. Esta função é adequada, por exemplo, para aplicações de Karaoke para
filtrar o canto de uma canção e poder cantar ao som dessa canção”.
Nada mais é um equalizador que deve atenuar as frequências mais comuns da voz. Não deve trazer grandes resultados. Mas pode ser útil para quem gosta.
f) Há os faders das saídas masters, chamadas de “Main”, um para L e outro para R.
g) Acima dos controles de masters, um controle de volume para as saídas de fone de ouvido, com potenciômetro rotativo
h) Uma barra com 12 leds para cada lado (L e R), o que permite um fácil e até mesmo preciso monitoramento do nível de sinal de saída.
i) uma chave para acionamento do Phantom Power para as entradas XLR
j) uma chave de seleção de função para o amplificador: Main, Mono ou Bridge

Seção Amplificador
Existe um amplificador completo, com dois canais, incorporado ao gabinete. Neste modelo, podemos ter ambos os canais direcionados para o Main, um canal para Main e outro para Monitor,  ou ambos os canais operando em modo bridge, tudo escolhido através de chave selecionável.

Quando a chave está na posição Main, o amplificador funciona como um amp qualquer, estéreo (L e R). Quando a chave está na posição Mon, um canal funciona para Main e outro para Monitor. Quando em bridge, é como se somássemos os dois canais em um só (potências e impedâncias), e conseguimos toda a potência dos dois amps disponível em uma única saída.

Existe dois conectores P10 de saída chamados Main Out (será que não dava para “apertar” alguma coisas e ter também saídas balanceadas?). Nessa situação, podemos enviar o sinal dos Masters para fora, para um amplificador externo. Neste caso, o amplificador interno pode ficar responsável pelo monitor. Só não diz se dá para aproveitar os dois canais ou um só para monitor.
Por outro lado, dá para usar a PMH como amplificador, “descartando” a sua parte mesa de som. Isso é feito pelas entradas P10 chamadas Power Amp Insert. Neste caso, toda a seção mesa de som é completamente desabilitada, com o amplificador recebendo o sinal externo, apenas. Até a chave de seleção do modo de amplificação é desabilitada, funcionando o amp interno no modo L/R (dual mono).
As tomadas de saídas do amplificador são Speakon, de padrão profissional. São duas. Em caso de usar modo bridge, apenas a saída B funciona, e ainda assim exige outro tipo de pinagem no Speakon (para quem não sabe, Speakon tem 4 terminais, mas o comum é usarmos apenas 2). Assim, para uso em modo bridge é necessário ter um cabo à parte, com outra pinagem.
Quanto à potência, essa parte é complicada, muito complicada. Na própria mesa (fabricação: Novembro/2004), vem especificado que a potência é de 600W. São 300W por canal em 4 Ohms, ou 600W em modo brigde 8 Ohms (somam-se as potências e as impedâncias).

Só que... será que são 600W mesmo? No manual, não consta nenhuma informação. Não diz se é RMS, Continuous Power, não fala em métodos de medição IEC, EIA, etc. E houve uma revisão do manual em Novembro/2004 informando que a potência seria dali para frente de 400W (200W/canal/4 Ohm), sem mudanças aparentes no equipamento, e ainda sem informar nada além do que um simples “W”. Será que a queda de 600W para 400W foi por causa de mudança nos transistores de potência para menor? Ou será que foi apenas uma revisão para um valor mais “correto”? Simplesmente não dá para confiar.
Aliás, esse problema não era apenas da PMH-1000. As outras também mesas amplificadas, os amplificadores de potência EP, vários outros produtos da Behringer eram assim. Só com a introdução de toda uma nova linha que a situação mudou.
O manual da PMP-1000, que é o modelo que substituiu a PMH, diz lá com todas as letras:
Potência de saída por canal, 1% THD, sinal de freqüência sinusoidal (mesmo que senoidal), ambos os canais operando: 
8 Ohms = 90 W 
4 Ohms = 130W
Bridge (8 Ohms) = 200W.
Agora sim, valores que dão para confiar. Que diferença: de 600W para 260W RMS! Provavelmente, esta é a potência real das PMH 1000, seja as de 600W ou de 400W!
E já que falamos em manual, o desse modelo é horrível. Misturaram em um mesmo manual a PMH 1000, 3000 e 5000, em uma situação que confundiu muito mais que ajudou. Deveriam ter feito um manual em separado para cada uma.
É, nessa mesa a Behringer deu um monte de “mancadas”. Algumas sérias, outras seríssimas.
Para finalizar, a mesa é bem compacta, aparenta ter construção bem sólida, há uma alça no próprio equipamento para transporte e pesa “apenas” 8kg.

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